Laudo revela que jovem foi baleado em abordagem da PM antes de bater moto em poste, na PB
22/07/2025
(Foto: Reprodução) À esquerda, Guilherme Pereira, e no lado direito da imagem, Ana Luiza
TV Cabo Branco
O jovem Guilherme Pereira, morto junto com a namorada Ana Luiza, após a moto em que estava bater em um poste no bairro de Muçumagro, foi atingido com um tiro na cabeça antes da colisão, é o que revela um laudo da Polícia Civil que o g1 teve acesso com exclusividade nesta terça-feira (22). A Polícia Civil também indiciou um policial militar que, segundo outro documento que reportagem teve acesso, atirou contra a vítima.
Oficialmente a Polícia Civil não divulgou os laudos periciais realizados após a exumação dos corpos dos jovens. O g1 entrou em contato com a Polícia Civil, por meio da delegada que investiga o caso, mas não obteve retorno até a última atualização desta matéria.
A reportagem entrou em contato também com a Polícia Militar, assim como com o advogado de Tiago Almeida Filho, policial militar investigado. A defesa do policial disse que não teve acesso ao documento de indiciamento do cliente e que vai se posicionar quando tiver.
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O laudo, assinado por três peritos do Instituto de Polícia Científica da Paraíba (IPC), aponta que o cadáver de Guilherme apresenta perfuração transfixante no crânio resultante de tiro de arma de fogo, ou seja, o jovem foi atingido com um tiro na cabeça. O documento constatou que a bala entrou pelo lado esquerdo da cabeça da vítima e saiu no lado direito.
Para chegar na conclusão do laudo, os peritos analisaram não somente o corpo do jovem, mas também fizeram análises no capacete utilizado por Guilherme enquanto pilotava a moto. Nessas análises, conforme o documento, houve a constatação de que o capacete também foi perfurado pelo projétil.
Relatório da Polícia Civil mostra marcas compatíveis com perfuração por projétil de arma de fogo no capacete da vítima
Reprodução
O outro documento que o g1 teve acesso trata-se de um relatório da Polícia Civil, assinado pela delegada Luísa Correia, que indiciou o policial militar pois considerou que a munição que atingiu o jovem era "similiar a utilizada em fuzis" da PMPB.
No mesmo documento de indiciamento, foi informado que policiais militares que participaram da ronda que seguiu a moto dos jovens em novembro de 2024 tiveram pedido protocolado junto ao Comando da Polícia Militar para verificação das armas utilizadas naquele dia. Dois dos policiais disseram, em depoimento para a polícia, que portavam fuzis durante a ação. O documento diz que “o policial efetuou o disparo de arma de fogo que atingiu o jovem na cabeça e provocou a colisão da moto”.
O depoimento dos policiais militares foi colhido pela Polícia Civil e todos os agentes negaram, nos autos, terem atirado contra o jovem, inclusive o que foi indiciado.
O policial militar foi indiciado por duplo homicídio qualificado consumado contra os dois jovens.
Em relação ao laudo de Ana Luiza, a outra jovem que morreu com o acidente, o laudo que a reportagem teve acesso constatou que uma pancada forte na cabeça foi a causa da morte. Conforme o documento, "nenhum elemento de munição ou fragmentos de munição" foram encontrados no corpo da mulher.
A exumação dos corpos e a versão da família
Os corpos dos jovens foram exumados em julho, após pedido do pai do jovem, que alega que o casal foi morto a tiros, e responsabiliza policiais militares. Esse caso, que antes era investigado pela Delegacia de Crimes de Trânsito da capital, foi transferido e reaberto para ser investigado pela Delegacia de Homicídios.
Os jovens foram enterrados novamente após a exumação na quinta-feira (17), no cemitério Nossa Senhora da Boa Morte, em Bayeux.
O pai de Ana Luiza, que estava na garupa quando houve a batida em um poste, Joselito Pereira, afirmou que os jovens foram mortos a tiros e que os disparos foram feitos por policiais militares. Conforme relato do pai, ele solicitou um laudo pericial particular para constatar a causa da morte e, neste laudo, houve o apontamento de que tiros haviam perfurado os corpos dos jovens e que isso causou as mortes. Joselito disse que esse laudo e outros indícios foram estão com a Polícia Civil.
Relembre o caso
Imagens de circuito de segurança mostram momento em que moto atinge poste
TV Cabo Branco/Reprodução
Os dois jovens morreram na madrugada do dia 30 de novembro de 2024, no bairro Muçumagro, em João Pessoa.
Segundo informações repassadas pela PM à TV Cabo Branco, as equipes policiais foram informadas durante a madrugada sobre uma festa ilegal que estaria acontecendo na região da Praia do Sol. Quando as equipes estavam nesse deslocamento para fazer o patrulhamento, se depararam com três motocicletas em alta velocidade.
Ainda conforme o relato da PM à época, os agentes ainda conseguiram parar uma dessas motocicletas, abordou um desses casais. Cada moto tinha um casal. Só que as outras duas motos seguiram, uma foi pela contramão e a outra foi por cima da calçada, que foi nesse momento que o piloto acabou perdendo o controle e batendo com poste.
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado, mas não houve tempo para socorro. Os dois jovens acabaram morrendo na hora.
Exumação dos corpos de Guilherme e Ana Luiza reacende suspeita de crime
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